Uma visita a Marrocos não fica completa sem ir às famosas dunas de areia que todos conhecemos dos filmes. Falo das dunas de Erg Chebbi, situadas no sudoeste do país, perto da cidade de Merzouga, quase junto à fronteira com a Argélia.

A palavra Erg significa um conjunto de dunas e as de Chebbi têm cerca de 5 Km de largura, 22 Km de comprimento e uma altura que chega aos 150m. Não é fácil ter a percepção do que são 150m de altura de areia solta, a não ser quando lá estamos e enterramos os pés, a subir e descer aquela imensidão de grãos finíssimos.

Mas as dunas de Erg Chebbi são muito mais que simples montes de areia. São um misto de sensações, texturas, formas e cores que se modificam a cada minuto como que por magia. A cor da areia é o que mais impressiona. Dependendo da hora do dia, a areia muda de cor passando pelos amarelos, laranjas, rosas, dourados, castanhos e até preto. As texturas e a forma das dunas mudam ao sabor do vento, como se um escultor estivesse permanentemente a criar novas obras de arte. E as pegadas deixadas nas dunas, desaparecem como se aquela areia nunca tivessem pisado.

Para lá chegar vamos de dromedário. Não se pode dizer que seja uma viagem muito confortável, sentados em cima de uma bossa e continuamente a tentar manter o equilíbrio devido aos solavancos. Mas a paisagem é magnífica, deslumbrante mesmo. E no regresso temos a opção de fazer a viagem a pé, opção que acho valer mesmo a pena. Andar naquele mar de areia, subir até ao cimo de uma duna e olhar em redor, é uma sensação inexplicável. Sente-se e não se explica. E descer as dunas a correr ou a rebolar, é como soltar a criança que há dentro de nós. Mas as sensações não ficam por aqui. Ver o nascer e o pôr-do-sol sentado no cimo de uma daquelas dunas é inesquecível.

Mas falta ainda falar de uma derradeira experiência em Erg Chebbi: passar a noite num acampamento berbere, no meio das dunas, ou seja, no meio do nada. Sim, porque não se vê nada, não se ouve nada, mas sente-se tudo.

Após um jantar tipicamente berbere, por sinal delicioso, os guias fazem uma fogueira e presenteiam-nos com as suas músicas acompanhadas ao som dos djembês. É divinal! E para acabar um dia tão cheio de emoções, só mesmo a hora de ir dormir… mas o encanto não acaba aqui. Estar deitado tendo por colchão a areia que parece ter vida própria, pois entra por todo o lado que possam imaginar, e um tecto lotado das estrelas mais brilhantes que eu jamais alguma vez vi, sem esquecer o vento que nos banha a pele… é qualquer coisa do outro mundo. E de repente uma estrela cadente e mais outra… foi quando pedi um desejo para vocês. Boa viagem e boa noite Erg Chebbi!