O dia esperava-se intenso, cheio de descobertas por fazer e caminhos por palmilhar. Decidimos, por isso, planear a alvorada para bem cedo, pois só assim poderíamos aproveitar a quantidade admirável de atracções que a cidade tem para oferecer. O telemóvel ficou programado para a 06h00 e o despertar, confesso que de forma meio assarapantada, foi ao som da música “Bad to the Bone”, do guitarrista norte-americano George Thorogood. Até aqui tudo normal mas, não sei se pelo efeito da emoção em querer conhecer a Big Apple, ou se por uma dose elevada de sono profundo, o certo é que ficámos alguns momentos por ali, todos a olharmo-nos de forma algo perplexa.

Um café americano depois, bebido no recato do quarto do hotel, descemos à Queens Boulevard, em Elmhurst, um dos bairro típicos da classe média em Queens, e sobre o qual já tivemos oportunidade de falar, bem sei que superficialmente, na publicação que conta as peripécias da nossa chegada. Queens é também um dos cinco boroughs em que está dividida a cidade de Nova Iorque. Mas o que são afinal estes boroughs? São as divisões administrativas da cidade que, pela sua grande dimensão, são também uma espécie de cidades. É quase como se tivéssemos cinco cidades dentro de uma grande metrópole chamada Nova Iorque, onde a divisão está feita da seguinte forma: The Bronx, a Norte, que curiosamente é a única região que é parte adjacente do continente americano, não estando por isso instalado numa ilha como todos as outros; Queens e Brooklyn, a Oeste, que estão instaladas numa ilha comum chamada Long Island; Staten Island, a Sul; e, claro está, Manhattan, a Oeste.

cais da estação de metro junto à times square e rua 42 em Manhattan, Nova Iorque
Estação de metro Time Square – 42 Street.

Regressando à avenida em Elmhurst, como precisávamos de algum dinheiro, a Ana Maria acabou por levantar 60 USD num ATM do hotel, transacção que o meu banco, em Portugal, me debitaria mais tarde por um total de 53,14 EUR, já com taxas incluídas – há que não esquecer que a taxa de conversão é hoje muito menos favorável.

Chegados à paragem do autocarro Q60, que nos levaria até à estação de metro Grand Avenue Newtown, tivemos a oportunidade para observar uma grande quantidade de autocarros escolares – aqueles veículos aparentemente antigos, de cor amarelo forte, que tão bem estamos habituados a ver no cinema – que cruzavam a 51 Avenue, em várias direcções e sentidos, mas com uma característica em comum: os sorrisos e felicidade transmitidos pelas muitas crianças com destino às mais variadas escolas de Queens. Pelo que li, em várias ocasiões e através das mais diversas fontes, a par daquilo que tive oportunidade de ouvir directamente nos Estados Unidos, os americanos defendem que o modelo de educação escolar praticado para lá do atlântico é um modelo onde se procura ensinar o que é a Europa. Em contrapartida, na sua pátria, o modelo que parece prevalecer tem muito mais que ver com o que América quer e deve ser no contexto mundial. Há, portanto, que reconhecer uma grande diferença no conceito de cada modelo, mas numa coisa é preciso concordar: os Estados Unidos são um dos povos mais avançados ao nível da formação científico-tecnológica.

pessoas junto à entrada do castelo clinton, no parque battery, em Manhattan, Nova Iorque
Entrada para o Castelo Clinton.

O relógio apontava para muito perto das 7h30 quando entrámos, finalmente, na estação de metro e fomos surpreendidos por uma simpática idosa, de aparência oriental, que nos ofereceu o jornal gratuito Epoch Times, um periódico escrito em mandarim que se concentra exclusivamente em notícias chinesas – hoje faz parte da minha colecção de “tralha de viagem” e é uma recordação que guardarei para sempre. Tomamos a direcção de Plaza Queens station, ao que se seguiu Fifth Avenue station e acabarmos na 42 St. Bryant Park. Estavamos em Manhattan! Como a manhã estava reservada para outras visitas que não o centro do mais mediático borough de Nova Iorque, pois isso ficaria para depois, foi com rapidez que voltámos a entrar no metro, agora perto da famosa Times Square, e com destino a South Ferry – a estação de metro que fica junto ao Battery Park, o ponto de partida para quem deseja visitar a Estátua da Liberdade desde Manhattan.

E apesar de a manhã estar totalmente reservada para visitar a Estátua da Liberdade, um dos principais ícones de Nova Iorque, não zarpamos através das águas do Upper bay sem antes aproveitarmos para percorrer, mesmo que superficialmente, o distrito financeiro de Manhattan e o interessante Battery Park. Instalado num antigo aterro sanitário, o parque estende-se por uma área aproximada de 10 hectares e foi inaugurado no século XIX. O seu principal atractivo é o Castelo Clinton, mandado construir pelo então governador do estado, DeWitt Clinton, entre 1811 e 1822, como um forte defensivo. Mas, como a principal finalidade para o qual tinha sito construído cedo foi posta em causa, não demorou muito a que o seu principal desígnio fosse elevado a empório cultural para as divas da ópera daquele tempo – 1824 a 1854. Mais tarde, já entre 1896 e 1941, foi utilizado como aquário para peixes e em 1946 passou, finalmente, a Monumento Nacional de Nova Iorque. Hoje, entre outras coisas, é lá que se encontram instaladas as bilheteiras para o ferryboat com destino a Liberty Island, a pequena ilha onde está instalada a Estátua da Liberdade. O preço de cada bilhete custa actualmente 18 USD e está incluída a viagem de ida e volta e o aluguer de um áudio guia – para quem pretender subir até à coroa da Estátua da Liberdade o valor é de 21 USD.

Bem, estava na hora de nos aproximarmos e entrarmos no ferry… A majestosa Libertas, deusa romana da liberdade, esperava por nós.

José Alberto, com bilhetes para a Estátua da Liberdade, junto ao cais de embarque do ferry
Os bilhetes para a visita à Estátua da Liberdade.
rebocador verde no rio hudson junto ao parque Battery em Manhattan
Rebocador no rio Hudson.