Alta Gracia dista 40 quilómetros de Córdoba, capital do estado argentino com o mesmo nome. No passado foi uma estância veraneante de excelência para a classe alta de Buenos Aires, facto que levou a escolhê-la para ser erguido o primeiro hotel-casino da Argentina.

Na chegada do terminal rodoviário de Alta Gracia encontra-se um balcão de turismo, onde se consegue muita informação sobre a cidade e os arredores. A cidade possui inúmeros museus e edifícios históricos, tal como uma das Estâncias Jesuíticas de Córdoba.

Para além do ilustre morador Che Guevara, a cidade teve outros moradores famosos, como é o caso do compositor espanhol Manuel de Falla ou o artista plástico francês Gabriel Dubois. Não é pois por acaso que existem três museus dedicados a estes notáveis habitantes.

Uma das opções mais económicas é visitar os três museus por 85 pesos argentinos, tendo em conta que só a Casa Museu de Guevara custa 75 pesos. O bilhete que inclui as três entradas pode ser adquirido em qualquer uma das unidades museológicas. Conte com duas a três horas para visitar os museus e opte por fazer o percurso a pé, já que acaba por ser a melhor opção para se conhecer Alta Gracia.

Anjo caído no tumulo de Marie Louise, museu de arte Gabriel Dubois, Alta Gracia, Argentina.
Anjo caído no Museu de Arte Gabriel Dubois.
Jardim e passadiço junto à entrada do museu Manuel de Falla, Alta Gracia, Argentina.
Museu Manuel de Falla.

Para quem chega de autocarro, a melhor opção é começar pelo Museu Dubois, onde a entrada única custa 15 pesos, caso não disponha do bilhete para todos os museus. O edifício foi a casa onde viveu Gabriel Dubois e o seu acervo é constituído por um amplo conjunto de obras do artista, maioritariamente dedicadas à cultura indígena. O espaço contém ainda mobiliário da época e no jardim encontra-se uma estátua da mulher de Dubois, deitada com asas de anjo e o filho ao lado. Para finalizar, o museu contém ainda o atelier de Dubois, local onde continuam a ser realizados vários trabalhos por um grande número de artistas, já que em vida o artista plástico tinha por hábito partilhar o seu espaço de trabalho.

Desde a antiga casa de Dubois, atravessando uma ponte sobre o rio e andando alguns metros, encontra-se a casa-museu dedicada ao compositor de música clássica Manuel de Falla. Trata-se de um espaço rodeado por um belo jardim, centrado na casa onde o músico espanhol viveu até à sua morte, em 1946. Para além de em qualquer canto ser possível ouvir a sua música, o espaço museológico dispõe de um número assinalável de fotografias, manuscritos, pautas e objectos pessoais de Manuel de Falla. A entrada única para o museu custa 20 pesos

Entrada no museu Che Guevara em Alta Gracia, Argentina.
Museu Che Guevara.

Caminhando aproximadamente mais um quilómetro, encontramos o terceiro museu deste périplo, no caso uma das casas onde viveu Ernesto Guevara de la Serna, conhecido como Che Guevara, ou apenas Che. Trata-se da residência, transformada em museu desde 2001, onde o líder revolucionário viveu mais tempo durante a sua infância e adolescência. Apesar das primeiras críticas que li sobre o museu não serem as melhores, já que há uma opinião geral, no caso negativa, sobre o facto de o museu só ser dedicado à parte da vida em que Che Guevara passou na Argentina, eu considero que vale a pena e recomendo a visita. O museu, situado numa rua muito movimentada pela temática que encerra, dispõe de várias salas dedicadas a diferentes períodos da vida de Che Guevara e de uma réplica da moto que, com o seu amigo Alberto Granado, utilizou na viagem pela América do Sul – esta viagem é muito bem contada no filme Diários de Motocicleta. Depois da morte de Granado, em 2001, parte das suas cinzas foram trazidas para o museu, local onde permanecem. Todos os dias é possível fazer a visita na companhia de um guia gratuito. O espaço conta ainda com um local onde é exibido um curto vídeo com depoimentos de amigos e familiares de Che Guevara, bem como uma loja de lembranças alusivas ao guerrilheiro.

Para terminar a visita em Alta Gracia é obrigatório conhecer a Estância Jesuítica, localizada no centro histórico da cidade, próximo do lago artificial El Tajamar, também ele construído pelos Jesuítas. A torre do relógio que se encontra junto ao lago tem o nome do mesmo. O espaço é uma antiga residência Jesuíta do século XVII, que pertencia à antiga província jesuítica do Paraguai. Depois da expulsão dos Jesuítas o edifício teve vários proprietários, até que foi transformado em Museu. Hoje faz parte do Património Mundial da UNESCO. O espaço encontra-se preservado e dá realce à realidade de Córdoba entre os séculos XVII e XIX, através de quadros, mobiliário e artefactos das épocas. Junto ao edifico existe uma igreja simples, também pertencente à época jesuítica. A entrada no complexo tem um custo de 20 pesos.

Um pouco por toda a cidade existem ainda inúmeros parques, alguns dos quais charmosos e com muito encanto, que merecem também a atenção do visitante.

Como chegar
Para chegar a Alta Gracia existem duas companhias de autocarro que fazem o trajecto desde Córdoba: o mini-autocarro da empresa Sarmiento, que custa 37 pesos; e o autocarro da empresa Sierras de Calamuchita, que tem o custo de 30 pesos. Pode também chegar à cidade através de táxi, com um custo entre os 150 e 200 pesos argentinos, ou através de um carro que poderá alugar num dos rent-a-cars existentes em Córdoba.
Outras informações
Para obter mais informações sobre os museus e a Estância Jesuítica de Alta Gracia, nomeadamente os horários de funcionamento, poderá consultar os seguintes sítios na internet:

Museu Casa del Che
Museu Manuel de Falla
Museu de Arte Gabriel Dubois
Museu Nacional Estância Jesuítica

Mapa da cidade