Visitar o vulcão Kawah Ijen, na ilha indonésia de Java, para além de um incrível espectáculo natural, é também uma pequena viagem no tempo. Dezenas de homens – talvez super-homens – sobem e descem as encostas, quase como formigas, na busca do precioso enxofre que se encontra no interior da cratera, junto a um lago azul-turquesa.

A ascensão, que totaliza 3.000 metros, é extremamente desgastante. É feita duas vezes por dia e implica a recolha de pelo menos 80 quilos de material por viagem. Enquanto os comuns mortais vencem o desnível com esforço e uma respiração ofegante, muito por culpa da altitude e dos fumos tóxicos do enxofre, os homens que por aqui trabalham caminham com chinelos e um cigarro no canto da boca. Todos regressam carregando duas cestas que transbordam enxofre e que, pese embora estejam unidas por uma vara de bambu que atravessa os ombros, balançam a um ritmo acelerado. É uma situação inacreditável e que, talvez pelo meu olhar perplexo, fez com que alguns mostrassem com orgulho os enormes calos que cobrem os seus ombros.

Quem chega ao topo do vulcão Kawa Ijen e fica sem palavras ao observar a maravilhosa paisagem, não imagina que o mais surpreendente está ainda por chegar. Há que descer à cratera, através de um caminho íngreme e pedregoso. Já no fundo, em plena mina, a ambiente torna-se quente e irrespirável. O desconforto é tal que não posso imaginar nada mais parecido com o inferno. Apesar de utilizar máscara e mesmo assim sentir a acidez dos vapores na garganta, imagino o efeito acumulado pelos anos de trabalho nestes homens, que só trazem um lenço amarrado em torno das suas bocas. Advertem-me para os muitos perigos e mudanças súbitas de vento que fazem da cratera uma verdadeira ratoeira.

O dia de trabalho termina com a pesagem da carga e o recebimento de cinco euros pelas duas viagens realizadas. Por instantes medido sobre os riscos que correm estes homens e sobre a sua qualidade de vida. É como voltar à Idade Média.

Alojamento
O alojamento no Parque Nacional é muito básico, mas barato. Disponível junto à entrada do parque, trata-se de um complexo com quartos minúsculos, sem qualquer tipo de aquecimento (as noites são muito frias), onde apenas é disponibilizada uma cama individual, muito suja, e uma manta ainda em prior estado.

As casas de banho são comuns, não disponibilizam água corrente e estão no exterior, mas durante a minha visita, em Agosto de 2013, estavam encerradas para obras, o que implicou um sem número de visitas ao monte.

Estavam a ser construídos bungalows com mais conforto, o que fará seguramente aumentar a qualidade dos serviços prestados.

Existem outras alternativas de alojamento na região mas muito mais distantes, o que resulta numa alternativa menos prática para visitar o Kawah Ijen.

Como Chegar
Chegar a Kawah Ijen em transporte público não é um problema, mas a saída pode revelar-se mais complicada, sobretudo pelos preços exorbitantes que procuram cobrar. Desde Bondowoso, há que apanhar bem cedo o autocarro para Sempol e desde aqui um ojek ou mototáxi até ao Parque Nacional. No meu caso, como o autocarro se encontrava vazio ao chegar a Sempol, acabou por me levar até à entrada do Parque Nacional pelo preço habitualmente cobrado por um mototáxi.

Para sair podem ser contratados mototáxis a preços muito inflacionados – tarifa de turista –, pelo que optei pela opção mais interessante e barata: o camião do enxofre. Este camião deixa Pos Paltuding, não muito longe da entrada do parque, quando está cheio. Sem horário muito definido, costuma sair um camião a cada duas horas, no período 9h00 – 13h00. Por vezes há mais camiões após este horário, mas convém confirmar quando estiver no local. O preço cobrado por cabeça é de 20.000 rupias e a viagem, através de uma paisagem exuberante, quase jurássica, prolonga-se por 16 km até um cruzamento em Jambo. Aqui há mototáxis ou alguém disposto a fazer o mesmo tipo de serviço, mas mais uma vez por um preço muito elevado. Optei novamente por uma solução alternativa que consiste em caminhar 3 km, através de palmeirais e arrozais, até à povoação mais próxima e onde é possível apanhar um autocarro.