A Encefalite Japonesa, documentada pela primeira vez em 1871, no Japão, é uma doença que afecta o sistema nervoso central humano, causada por um vírus (família dos Flaviviridae) transmitido pela picada dos mosquitos. Estes insectos encontram-se habitualmente no exterior das habitações, durante o período que vai desde o fim do dia até ao amanhecer e, como é habitual nestes casos, usam como locais de postura as regiões pantanosas, pequenas charcas de águas estagnada e, particularmente na região onde a Encefalite Japonesa é mais endémica, as grandes zonas alagadas dos campos de cultivo de arroz.

Segundo os últimos dados conhecidos, a Encefalite Japonesa é responsável por cerca de 68 mil casos identificados todos os anos. E se nas regiões onde a doença prevalece é, essencialmente, um mal que afecta crianças (muitos dos adultos nativos acabam por não contrair a Encefalite Japonesa porque ficaram imunizados em pequenos), há a sublinhar que durante uma viagem qualquer individuo pode ser contagiado.

A infecção ocorre especialmente mas zonas rurais, na época das chuvas, com principal destaque para os períodos do Verão e do Outono.

Como não existe tratamento específico para os casos em que é declarada a doença, torna-se vital, por um lado, a consciencialização para as consequências graves que podem advir de uma contaminação, e pelo outro, para a importância na prevenção, essencialmente através de acções que impeçam a picada do mosquito ou na administração de uma vacina.

Dito isto, se pensa viajar para uma área onde existe o risco de contrair Encefalite Japonesa, é muito importante que programe a sua Consulta do Viajante, preferencialmente com um mínimo de 4 semanas antes da data de partida.

Zonas afectadas pela Encefalite Japonesa

A Organização Mundial de Saúde elege a Encefalite Japonesa como a primeira causa de encefalite viral na Ásia, num território habitado por mais de 3 mil milhões de habitantes, que se estende desde o subcontinente indiano até uma parte significativa da Oceânia, ao que se juntam, na região norte, a China, o Japão e a península coreana.

Mapa com a distribuição da Encefalite Japonesa pelo mundo e os países onde predomina.
Distribuição da Encefalite Japonesa pelo mundo.
© CDC

Entre os países em que comprovadamente existem epidemias com algum significado contam-se: a Índia, Paquistão, Nepal, Myanmar, Laos, Malásia, Filipinas e Indonésia.

Nos últimos anos tem havido uma redução do número de casos ocorridos no Japão, na República da Coreia e em várias zonas da China, sobretudo devido à sucessiva imunização que se tem verificado nestes países. Mais recentemente também o Nepal, Sri Lanka, Tailândia e Vietname têm alcançado um decréscimo dos números identificados anualmente.

Sintomatologia

Quando existem sintomas provocados pela infecção da Encefalite Japonesa (infecções sintomáticas), pois é normal que em 90% dos casos nada aconteça (infecções assintomáticas), as manifestações clínicas vão de um simples episódio febril, acompanhado por dores de cabeça, congestão nasal, fraqueza e eventualmente diarreia; até aos casos mais graves, onde pode ser diagnosticada uma meningite asséptica ou encefalite grave, muitas vezes com um desfecho pouco feliz.

Nas infecções sintomáticas, em que o período de incubação da doença pode variar entre os 4 e os 14 dias, quando se verificam os casos de maior gravidade, os episódios febris evoluem rapidamente para temperaturas muito altas e aparecem as primeiras evidências de meningite. A encefalite desenvolve-se depois, já numa segunda fase da doença, e pode levar a situações de coma, lesões neurológicas com grande gravidade e, infelizmente em muitos dos casos, mesmo à morte.

Prevenção

Tal como é recomendado para outras doenças transmitidas pela picada do mosquito, como é o caso da Malária ou do Dengue, o viajante deve evitar a exposição nos períodos onde há maior actividade do mosquito; usar calçado fechado, camisolas com mangas compridas e calças, sempre em tons claros, com excepção do azul; não desenvolver actividades junto a lagos, charcos, zonas pantanosas ou onde a água permaneça estagnada; isolar a cama com uma rede mosquiteira, preferencialmente impregnada com Permetrina; dar preferência a quartos com ar condicionado e difusores eléctricos para insectos; e utilizar repelentes à base de DEET ou Picardina, com várias aplicações durante o dia, mesmo sobre a roupa.
Caixa da vacina Ixiaro dos laboratórios Novartis para a Encefalite Japonesa.

Vacinação

Existem algumas vacinas eficazes contra a Encefalite Japonesa, como é o caso da Ixiaro (PVP 81,61 € sem comparticipação em Portugal), dos laboratórios Novartis. A vacinação é recomendada a todos os viajantes que desejem visitar as áreas endémicas (meios rurais, florestas densamente arborizadas, selvas ou áreas de irrigação de campos por alagamento), por um período superior a 30 dias, principalmente durante a época em que existe uma maior probabilidade da transmissão do vírus. Esta recomendação pode ser igualmente dirigida a quem vai viajar por períodos interiores, desde que se dirija a zonas mais susceptíveis a surtos epidémicos e onde o risco de contrair a doença seja manifestamente mais elevado.

Nos países ocidentais a vacina é constituída por vírus inactivado (em grande parte dos países endémicos é usada uma vacina produzida com vírus atenuados), distribuída em 3 doses, segundo um esquema de tomas de 0, 7 e 28 dias – quando a data de partida impeça este esquema, o médico poderá efectuar alguns ajustes durante a consulta do viajante. De acordo com os estudos mais recentes, a toma de duas doses da vacina fornece cerca de 80% de imunidade, enquanto a toma das três doses recomendadas atinge os 95%. Após a primeira imunização, o primeiro reforço deverá ser efectuado 1 ano depois e subsequentemente de 3 em 3 anos, caso exista necessidade em protecção continuada.