Basta um breve passeio pelas ruas de Macau para perceber a importância da herança portuguesa deixada naquela que foi a sua última colónia, hoje uma das regiões administrativas especiais chinesas. Localizado a quase 11 mil quilómetros de distância, este pequeno território no continente asiático, com apenas 28,6 km², foi determinante para a influência de Portugal na região durante séculos.
A China tem o controlo oficial de Macau desde 1999, facto que tem levado a substanciais alterações ao nível da sociedade, nomeadamente ao nível dos falantes da língua de Camões. A língua portuguesa continua a ser um dos idiomas oficiais (muito pela questão jurídica), em conjunto com o mandarim, mas aquela que reina é o cantonês, pois é a língua utilizada por quase 100% da população no seu dia-a-dia.
Com a incerteza que se abateu sobre o futuro do território no pós 1999, já que se levantaram dúvidas sobre o cumprimento integral do acordo de transferência entre Portugal e a China, muitos portugueses decidiram abandonar definitivamente Macau. Entretanto alguns regressaram, mas o número total de residentes não deve ultrapassar actualmente os 0,6% da população. A estes há ainda que juntar os cerca de 0,7% de chineses luso-descendentes, facto que não altera substancialmente os valores. Trata-se de uma franja muito pequena da população, que só tende a reduzir-se ainda mais com a presença crescente dos chineses que se instalam no território.
Em qualquer dos casos, mesmo sem o peso cultural de outros tempos, Macau não deixa de ser um lugar interessante para visitar. Seja pela grande ligação histórica a Portugal, visível nos mais diversos aspectos do dia-a-dia; seja pela quantidade de espaços ligados ao entretenimento, disponíveis a qualquer hora do dia; a região é um lugar cheio de pontos de interesse que merecem a atenção do visitante.
Macau tem-se desenvolvido muito nos últimos anos e é garantia de vários dias bem passados, sempre na companhia de muita diversão e entretenimento. Até porque, mesmo para aqueles que não estão muito interessados na história, é muito fácil encontrar encanto com as luzes e luxo de alguns dos seus locais.
O centro histórico
O centro histórico de Macau, que é Património Mundial da Unesco, acolhe um conjunto variado de museus que são determinantes para conhecer a história e muito da presença portuguesa. Em todo o território contam-se 23 museus, galerias e espaços culturais, muitos deles com entrada gratuita. Destacam-se o Museu de Macau, o Museu da História da Taipa e Coloane, o Museu de Arte de Macau, o Tesouro de Arte Sacra e o Museu do Grande Prémio.
As Ruínas de São Paulo, uma das mais icónicas atracções de Macau, não são mais do que as ruínas da antiga igreja da Madre de Deus e do Colégio de São Paulo, um importante complexo jesuíta que remonta ao século XVI. Em 1835, um violento incêndio consumiu praticamente a totalidade da infra-estrutura, mantendo apenas de pé a imponente fachada de granito, com a sua escadaria de 68 degraus e alguns vestígios do colégio.
A Santa Casa da Misericórdia de Macau, mandada edificar em 1569 por D. Belchior Carneiro, à data Bispo de Macau, é um dos edifícios históricos mais emblemáticos do Largo do Senado. Durante séculos teve várias valências, sempre ligadas ao sector social, como é o caso de um centro médico, orfanato ou refúgio para as viúvas de marinheiros. Nos últimos anos a instituição passou por um processo considerável de renovação, com destaque para a criação de uma creche bilingue, de um centro de convívio e de um núcleo museológico, serviços que são utilizados na sua esmagadora maioria pelos portugueses naturais de Macau.
Com cerca de 4000m2, a Casa do Mandarim foi construída em 1869 é uma das maiores habitações unifamiliares de Macau. Durante várias décadas foi residência do teórico Zheng Guanying (1842-1921), tal como espaço de criação, já que foi aqui que este reformador da dinastia Qing concluiu a sua obra-prima Shengshi Weiyan (Advertências em Tempos de Prosperidade). Arquitectonicamente, o complexo apresenta-se com um estilo tipicamente cantonês, mas onde foi encontrado espaço para a inclusão de vários elementos arquitectónicos ocidentais.
O centro histórico conta ainda com muitas outras atracções, a curta distância entre si, como é o caso da Igreja de S. Domingos, o Quartel dos Mouros, a Igreja da Sé, a Fortaleza do Monte, a Biblioteca Sir Robert Ho Tung, o Templo de Sam Kai Vui Kun ou o Edifício do Leal Senado. Para ajudar a definir o seu itinerário, o Turismo de Macau disponibiliza algumas ferramentas que pode encontrar aqui.
Os incontornáveis casinos e espaços para o jogo
Macau é apresentado como a capital mundial do jogo, ou não fossem os seus casinos visitados por um número muito considerável de americanos e europeus, isto sem contar com os chineses, os seus principais frequentadores. Entre os muitos casinos disponíveis, contam-se alguns dos mais impressionantes do mundo, como Casino Lisboa, Sands Macao, MGM Macao, The Venetian Macao e Wynn Macao. Actualmente estão em funcionamento 39 casinos e alguns, como é o caso do Casino Lisboa e Sands Macao, estão abertos 24 horas por dia. A quantidade e concentração é tal, que basta uma breve caminhada para encontrar um novo espaço para jogar. As ofertas são inúmeras para os visitantes.
Ainda no capítulo do jogo, Macau é também um importante destino de Poker, modalidade que na versão Match Poker, foi recentemente reconhecida como desporto. Existem vários clubes destinados à prática da modalidade, pelo que pode ser uma excelente oportunidade para quem visita o território. Para aqueles que ainda não são conhecedores das regras, é possível aprender o jogo de póquer passo a passo, apenas com algumas horas de aulas e chegar a Macau com alguma habilidade para colocar em prática.
Os hotéis de luxo e a culinária
O facto da esmagadora maioria das unidades hoteleiras estarem associadas a casinos, faz também de Macau um paraíso para os grandes hotéis de luxo e resorts. Contam-se dezenas de milhares de camas, distribuídas por variadíssimos empreendimentos, alguns dos quais com dimensões muito significativas. Um desses exemplos é o hotel-casino The Venetian Macau, construído numa zona de aterro entre as ilhas da Taipa e de Coloane, com uns impressionantes 980 mil m² em área de implementação. Tratando-se de uma cópia do empreendimento gémeo The Venetian Las Vegas, nos EUA, conta com uma torre principal de 40 andares e sete resorts circundantes, alguns ainda em fase de construção. É neste momento o maior complexo hoteleiro instalado no continente asiático e a sétima estrutura edificada, em termos de superfície, do mundo.
A culinária típica macaense emerge de um longo processo de influências e práticas chinesas e portuguesas, sem esquecer os produtos ou especiarias transportadas pelos navegadores da Índia, Moçambique ou Malaca, que souberam mesclar-se harmoniosamente e resultam hoje em pratos com uma identidade muito própria. É por isso que culinária de Macau é considerada única no mundo e conta, desde 2007, com uma confraria que visa a sua preservação e divulgação. Entre os pratos mais populares, destacam-se: a Sopa de Lacassá, o Arroz Gordo, o Minchi, o Tacho ou o Pato de Cabidela. Muitos destes pratos podem ser consumidos nos principais restaurantes tradicionais do território, como é o caso do Riquexó, junto ao edifício Hoi Fu. Existem ainda muitos restaurantes conduzidos por portugueses, com pratos tipicamente nacionais. Destacamos o Litoral, Mariazinha, O Manel e o Miramar.
Excelente timing! Daqui a umas semanas estarei por lá e este artigo será um precioso auxiliar 🙂