Embora uma farmácia portátil não seja vital para a realização das suas viagens, há maleitas que podem atacar em qualquer parte do mundo. Qualquer que seja o seu destino, a verdade é que azares podem sempre acontecer, por isso, previna-se e leve consigo o conjunto de fármacos que melhor se adaptam à realidade do que vai encontrar.

Antes de planear ou decidir quais os fármacos a incluir na sua farmácia portátil, deverá avaliar cuidadosamente as condições do seu destino e, caso assim se justifique, marcar a chamada consulta do viajante. Em muitos casos esta consulta é extremamente importante pois, além do médico especialista o ensinar a lidar com os principais problemas decorrentes da sua viagem, poderá resultar na prescrição de um conjunto adicional de fármacos não previstos na sua análise inicial.

Um dos dados também importantes a reter prende-se com o nome genérico ou princípio activo do fármaco a transportar: lembre-se que o medicamento comercializado com a marca X em Portugal, pode ser comercializado no seu destino com qualquer outra marca.

Outro elemento igualmente importante na equação, é o facto de eventualmente se fazer acompanhar de crianças: lembre-se que os mais pequenos são muito mais susceptíveis de serem contaminados por bactérias ou vírus.

Na escolha do tipo de embalagem, deve ser dada prioridade a embalagens do tipo blister por ser de muito mais fácil arrumação e manuseio.

Alguns dos fármacos habitualmente tidos em conta na elaboração da farmácia do viajante, são:

  • Analgésicos e Antipiréticos. Os fármacos à base de Paracetamol, como por exemplo o Ben-u-ron, são habitualmente os eleitos para o combate às dores, febres, constipações ou síndromes gripais. Quem for susceptível a fortes dores de dentes, deve procurar um analgésico mais específico para a terapia, como o Clonix;
  • Antidiarreicos, Lopramidas e reguladores da flora intestinal. Nesta área são sobejamente conhecidos o Ultra Levur como regulador ou o Imodium como inibidor;
  • Anti-séptico intestinal, em forma de antibiótico, destinado ao controlo de diarreias agudas ou crónicas. Um conhecido exemplo é a Dimicina (Bacitracina + Neomicina). Tenha em atenção que a administração deste medicamento é contra indicada para doentes com insuficiência renal ou diminuição da acuidade auditiva e deve ser prescrita por um médico;
  • Anti-histamínicos e anti-alérgicos, particularmente úteis no combate a alergias ou rinites. O Aerius ou o Zyrtec são dois dos nomes comerciais mais conhecidos;
  • Anti-inflamatórios em comprimido e pomada. São particularmente úteis para a resolução de problemas musculares ou entorses. Estão disponíveis no mercado vários fármacos de administração oral à base de Nimesulida, bem como o comercialmente conhecido Voltaren Emulgel, à base de Diclofenac de Dietilamina e de aplicação directa na pele;
  • Antiácidos ou aceleradores digestivos. Este tipo de medicamentos é muito útil para quem sofre de problemas crónicos do foro digestivo, venha a desenvolver irritações devido à ingestão de outros fármacos ou de alimentos fora da dieta habitual. No mercado são comuns alguns inibidores da produção de ácidos à base de Lansoprasol ou aceleradores digestivos à base de Domperidona. Para tratamentos mais pontuais e esporádicos, pode utilizar Kompensan ou Rennie;
  • Medicamentos utilizados na profilaxia contra a Malária ou Paludismo. Em particular neste ponto, é vital que se inscreva numa consulta do viajante. O combate à doença não é fácil e a eficácia dos medicamentos varia conforme a zona do planeta. Há muitos medicamentos – Cloridrato de Proguanil, Mefloquina, Pirimetamina + Sulfadoxina, Cloroquina, Hidroxicloroquina, Halofantrina ou Doxiciclina – mas cada caso é um caso;
  • Solução destinada a lavagem mecânica de orifícios naturais, tais como nariz ou olhos. Pode ser utilizado soro fisiológico, mas sendo para aplicação oftalmológica, necessita ser estéril;
  • Descongestionante nasal como o Vicks Vaporub ou o Nasex;
  • Creme para prevenção e recuperação de pés cansados ou com bolhas provocadas por longas caminhadas;
  • Comprimidos para o enjoo e inibidores de vómitos, como é o caso do Primperan;
  • Analgésico sob a forma de spray para aplicação local e directa sobre pancadas no corpo;
  • Creme ou loção para protecção solar. Deve escolher o factor de protecção com base no destino e no tipo da sua pele. Com o mesmo fim pode ainda incluir um batom para protecção labial;
  • Repelente contra picadas de insectos que contenha DEET (N, N-dietil-m-toluamida) numa concentração de 50%. Só assim se consegue uma eficácia com alguma segurança;
  • Creme ou gel indicado para o tratamento do prurido (comichão) associado a dermatoses, urticária, picadas de insectos e queimaduras (solares ou por contacto). Nesta área é sobejamente conhecido o Fenistil Gel;
  • Purificador de água, em forma de pastilha ou comprimido, como as Aquatabs ou Clorpur;
  • Preservativos.

A lista que acabámos de apresentar é extensa, por isso, adapte-a às suas necessidades.

O leitor deve ainda assumir que o conjunto de medicamentos a incluir na farmácia portátil, depende de eventuais prescrições médicas, número de pessoas, duração da viagem e se o viajante é detentor de alguma doença crónica que exija medicação constante.

Em viagem, é ainda muito importante que os medicamentos sejam transportados com o mínimo de segurança. Para tal, há um conjunto de medidas essenciais que devem ser tidas em consideração:

  • Manter os medicamentos no blister / embalagem original. É um procedimento importante na identificação e para melhor esclarecimento em caso de problemas alfandegários;
  • Transportar a medicação com a bagagem de mão, pois garante uma melhor conservação e evita eventuais extravios;
  • No caso dos diabéticos, e sempre que sejam incluídas viagens de avião, a insulina não deve de todo ser transportada na bagagem de porão, pois a exposição a elevadas temperaturas negativas desnatura a proteína podendo-a inactivar.

Será também de notar que, olhando há globalização que se tem assistindo, o acesso a medicamentos também se tornou mais fácil. Nos dias que correm, e a não ser que o leitor se dirija a zonas muito isoladas, será sempre com relativa facilidade que poderá encontrar medicação para os problemas ou doenças mais comuns. Contudo, nos países do chamado 3º mundo, há que admitir a existência de medicamentos com um período de validade para além do recomendado ou até serem distribuídos fármacos provenientes de redes de falsificação.

Para mais informações sobre os fármacos comercializados em Portugal, consulte o sítio do Infarmed.

Sugestão

Para viagens com destino a países pertencentes à União Europeia, Suíça, Liechtenstein, Islândia e Noruega, poderá optar por não levar quaisquer medicação de carácter preventivo na sua farmácia portátil. Leve antes o seu Cartão Europeu de Seguro de Doença e, caso exista necessidade, recorra a um centro de saúde ou hospital local. O referido cartão resulta de um acordo entre os Estados da União Europeia, pode ser solicitado directamente no portal da Segurança Social (https://www.seg-social.pt/consultas/ssdirecta/) e assegura a prestação de cuidados de saúde a beneficiários de um dos sistemas de segurança social da União.