A Malária, também conhecida como Paludismo, é uma doença tropical considerada grave, para a qual não existe uma vacina preventiva ou métodos de combate 100% eficazes, e que se estima ser responsável pela morte de mais de um milhão de pessoas todos os anos. Presente em vários pontos do globo, nomeadamente em países dos continentes Africano, Asiático e Sul-Americano, a doença transmite-se ao ser humano através da picada da fêmea do mosquito Anopheles.

Causada por um parasita chamado Plasmodium, a Malária está habitualmente associada a febres elevadas e pode matar rapidamente caso não seja diagnosticada precocemente. As quatro espécies de parasitas identificadas – Plasmodium Vivax; Plasmodium Ovale; Plasmodium Malariae; e Plasmodium Falciparum, de onde resultam os casos mais graves e o maior número de mortes – são responsáveis por períodos de incubação que podem estender-se dos 7 dias às 4 semanas, com sintomatologias que variam de caso para caso.

Embora o principal sintoma associado à doença da Malária seja a já referida febre, que conjuntamente com a fadiga e dores musculares, chegam em alguns casos da fase inicial a ser confundidos com a sintomatologia associada ao síndroma gripal, existem vários outros sinais para os quais há que estar alerta. São eles:

  • Febres, nem sempre muito controláveis, associadas, ou não, a tremores;
  • Calafrios, sudorese intensa, dores de cabeça e musculares, tonturas e cansaço generalizado;
  • Alterações ao nível do aparelho gastrointestinal, falta de apetite, vómitos, diarreias, enjoos e dores abdominais;
  • Icterícia moderada, devido ao fígado ser afectado pela doença.

A melhor forma de combater a doença é a sua prevenção. Além da medicação profiláctica, que falaremos mais à frente, o mais importante que o viajante deve reter prende-se com a atitude comportamental, onde há necessidade em desenvolver um conjunto de acções que visem impedir as picadas no mosquito transmissor.

O período em que o mosquito se encontra em maior actividade está compreendido entre o pôr-do-sol e o amanhecer, com o pico de actividade a dar-se por volta das 2h da manhã, pelo que é muito importante a consciencialização para uma protecção eficaz ao longo da noite e, em particular, durante o sono. Deste modo, recomenda-se:

  • Aplicar um repelente de insectos nas partes do corpo não protegidas pelo vestuário – cara, orelhas e pescoço; mãos e braços; pés e pernas. Os repelentes podem ser aplicados na versão spray ou stick mas, para serem suficientemente eficazes, devem conter DEET ou Picardina em concentrações que permitam protecções não inferiores a 10 horas;
  • Evitar passeios ou actividades junto a lagos, charcos, zonas pantanosas ou sítios onde a água permaneça estagnada, pois trata-se dos locais mais propensos ao desenvolvimento dos mosquitos;
  • Não utilizar perfume ou água-de-colónia, pois os mosquitos são atraídos pelo cheiro, sobretudo por aqueles onde predomina um aroma floral;
  • Não desenvolver actividades que exijam grande movimento e esforço. O movimento acelerado e a produção de odores através da transpiração são “ofertas” que os mosquitos vão agradecer, mas não é tudo. O dióxido de carbono libertado através da respiração dos seres vivos é outro dos factores de atractibilidade, assim, quanto mais dióxido de carbono expirar, mais facilmente será detectado;
  • Manter os pés lavados e substituir as meias com regularidade. Pode parecer um conselho anedótico, mas não é. Estudos científicos recentes revelam que as bactérias que crescem nos pés humanos podem ser um factor de atractibilidade dos mosquitos;
  • Procurar estar o menos quente possível. Embora os mosquitos não sintam o calor das suas vítimas à distância, acredite que quando estiverem perto, o calor irá transformá-los em verdadeiros kamikaze;
  • Usar roupas onde predominem os tons claros e evitar os azuis – a cor azul tem uma grande capacidade de atractibilidade para os insectos, aliás, não é por acaso que os mata-insectos eléctricos utilizam o azul florescente. A utilização de camisas ou camisolas com mangas compridas, calças, meias e botas, são factores acrescidos de protecção;
  • Durante a noite, evitar passeios prolongados no exterior e permanecer em locais protegidos com redes mosquiteiras nas janelas e portas. Espaços que disponham de ar condicionado e difusores eléctricos são também opções muito válidas a ter em conta;
  • Isolar sempre a cama onde vai dormir com uma rede mosquiteira, preferencialmente embebida em Permetrina, dando preferência a modelos com formato rectangular em detrimento do triangular. Quando se instalar, tenha o cuidado de não deixar a rede em contacto com o corpo, certificando-se igualmente que não existem insectos no interior e que o tecido não está afectado por rupturas.
parasita plasmodium falciparum
Plasmodium Falciparum, o parasita que provoca a variante mais grave da Malária.
© CDC

A profilaxia a desenvolver com os medicamentos, normalmente prescritos na consulta do viajante, não impede que os indivíduos sejam contaminados através da picada pelo mosquito transmissor, contudo, é um obstáculo ao desenvolvimento da doença, sobretudo nas suas formas mais graves. Existem várias drogas que podem ser utilizadas preventivamente, em tomas diárias ou semanais. Em termos práticos trata-se dos mesmos medicamentos utilizados em pessoas já infectadas com o Plasmodium, mas em quantidades substancialmente inferiores. Além das menos eficientes e tradicionais Quinina e Cloroquina, algumas das drogas modernas mais utilizadas na prevenção da Malária incluem a Mefloquina (também conhecida por Lariam), a Doxiciclina e a combinação de Atovaquona e Cloridrato de Proguanilo (comercializado no mercado como Malarone, pelos laboratórios da GlaxoSmithKline).

A escolha do tipo de droga a utilizar depende muito do destino e da actividade da doença, pois existem zonas do globo onde a resistência ao parasita difere substancialmente. Há ainda que ter atenção ao facto do efeito profiláctico não ser iniciado imediatamente após as primeiras tomas do medicamento. Deste modo, é usual iniciar a prevenção uma ou duas semanas antes da partida para as zonas onde a Malária é endémica, continuando a toma dos medicamentos até quatro semanas após o regresso ao país de origem. Em alguns casos, a toma da combinação Atovaquona + Cloridrato de Proguanilo pode apenas necessitar de dois dias antes da partida e continuar por sete dias depois do regresso.