Antes de iniciar uma viagem para fora dos chamados países ocidentais, torna-se quase obrigatório – pelo menos é de alguma importância – que o viajante se submeta a uma consulta médica de especialidade. O médico especialista em doenças infecciosas e medicina tropical irá avaliar cuidadosamente os riscos do seu destino, potenciais perigos e aconselha-lo meticulosamente. Desde modo, será importante que indique exactamente o que pretende fazer e por onde vai andar, pois em termos de profilaxia, não será igual ficar num hotel de 5 estrelas ou numa cabana no meio da selva.

Em principio, a consulta do viajante demorará mais que uma normal consulta com o seu médico de família, pois será importante para:

  • Obter informação e conselhos sobre medidas preventivas a adoptar pelo viajante antes, durante e depois da viagem;
  • Obter informação sobre as condições de segurança alimentar do(s) destino(s);
  • Obter informação sobre o risco e prevenção da Malária, assim como recomendação e prescrição de profilaxia, quando indicado;
  • Avaliar as condições de saúde individuais antes do início a viagem, processo particularmente útil para casos de grávidas, pessoas com doenças crónicas ou sob medicação permanente e crianças;
  • Obter a prescrição médica para compra da medicação necessária à viagem;
  • Administrar as vacinas necessárias e fazer o respectivo registo no Boletim Nacional de Vacinação, bem como no Certificado Internacional de Vacinação – documento necessário para apresentar à entrada de alguns países;
  • Recolher informações sobre a assistência médica do(s) destino(s) e da eventual existência de protocolos com o Serviço Nacional de Saúde.

Após a consulta, a profilaxia farmacológica irá depender de vários factores, nomeadamente do(s) destino(s) a incluir na viagem. As vacinas com prescrição mais comum passam pela: hepatite A, hepatite B, febre tifóide, febre-amarela, tétano e poliomielite.

No que respeita à temida e sempre badalada Malária, a prescrição varia consoante a opinião dos próprios médicos – diferentes médicos podem utilizar diferentes fórmulas de combate à doença – e em parte consoante o destino, pois existem medicamentos que têm boa eficácia em determinada zona, mas não a têm obrigatoriamente noutra. Entre alguns dos medicamentos utilizados na profilaxia contra a Malária contam-se:

  • cloridrato de proguanil, composto anti-malárico por excelência, de toma diária, a iniciar 2 dias antes da visita à zona endémica e término 4 semanas após o regresso;
  • mefloquina, composto que pode ser tomado em conjunto com o cloridrato de proguanil, de toma semanal, a iniciar 2 semanas antes da visita à zona endémica e término 4 semanas após o regresso;
  • pirimetamina + sulfadoxina, composto poderoso que é utilizado como kit de emergência para casos em que se desconfie estar sob o efeito da doença e não se esteja em condições de obter ajuda médica imediata.

Consoante as circunstâncias e locais a visitar, pode ainda ser ministrada a cloroquina, hidroxicloroquina, halofantrina ou doxiciclina.

Outra das doenças que ultimamente muito se tem falado, nomeadamente por recentes epidemias no Brasil, é o Dengue. À semelhança da Malária, esta doença é transmitida por um mosquito e a sua área de prevalência partilha muitas das áreas onde a Malária também pode ser transmitida. Há sobretudo um olhar especial para o Dengue hemorrágico, pois trata-se de uma variante grave e com consequências que podem ser letais.

Não existe vacina ou profilaxia farmacológica contra o Dengue, pelo que o viajante tem que se consciencializar que esta doença, bem como a Malária, só se transmitem através da picada do mosquito. Deste modo, nas zonas endémicas, poder-se-á limitar muito o risco se forem tomadas algumas as seguintes medidas:

  • Utilizar um bom repelente para insectos (50% N,Ndietilmtoluamida [DEET]), quer na pele, quer sobre as próprias roupas;
  • Manter as pernas, braços e pés cobertos;
  • Dormir debaixo de uma rede mosquiteira e se possível num ambiente com ar condicionado;
  • Manter janelas e portas fechadas em alojamentos junto a charcos, riachos, rios ou lagos;
  • Ter presente que os mosquitos que transmitem a Malária estão mais activos ao amanhecer e ao entardecer, ao passo que os que transmitem o Dengue estão mais activos durante o dia.

Malária e Dengue têm uma distribuição muito desigual pelo planeta, pelo que através do seguinte mapa, o leitor poderá ter uma melhor noção das zonas com maior risco de transmissão.

mapa com distribuição da malária e dengue no mundo

Zonas claras – onde o Dengue e Malária se transmitem.
Zonas intermédias – onde o Degue se transmite.
Zonas escuras – onde a Malária se transmite.
Zonas a branco – onde não há risco associado a qualquer das doenças.