O percurso PR7, desenhado pelo Parque Natural Sintra – Cascais, inicia-se no Cabo da Roca (junto ao posto de turismo), o ponto mais ocidental da Europa continental. A vegetação que envolve a zona, muito característica e comum das zonas mediterrânicas, dispõe de algumas espécies endémicas, tais como: o cravo-romano (Armeria pseudarmeria), o cravo de Sintra (Dianthuscintranus), a cocleária-menor (Ionopsidium acaule) ou a cravinha (Silene longicilia). No seu conjunto, trata-se de um ecossistema com características ideais ao desenvolvimento de uma fauna diversificada, composta por aves, mamíferos e répteis de pequeno porte: o coelho-bravo (Oryctolagus cunniculus), a raposa (Vulpes vulpes), o sardão (Lacerta lepida), a víbora-cornuda (Vipera latastei), águia-de-asa-redonda (Buteo buteo) ou pisco-de-peito–ruivo (Erithacus rubecula), são apenas alguns exemplos.

Através de estradões em terra batida, trilhos pouco definidos e arribas com vistas deslumbrantes para o mar, este percurso estende-se por mais de dez quilómetros de caminhos que acumulam um desnível intermédio, não requerendo, por isso, uma elevada preparação física.

vegetação junto ao cabo da roca
A envolvente é rica em vegetação autóctone.

Percurso

Embora possa optar pelo sentido em que deseja efectuar a sua caminhada, visto tratar-se de um percurso circular, a opção que propomos desenvolve-se pelo lado esquerdo, em direcção à Praia da Adraga. Assim, deixe o Cabo da Roca seguindo a estrada nacional EN 247-4. Aproximadamente após um quilómetro de caminho flicta sobre a sua esquerda, de modo a prosseguir sobre um estradão em terra batida com um ligeiro declive. Daqui em diante o caminho far-se-á durante sensivelmente três quilómetros, através deste tipo de vias, quase sempre limitadas por sebes de abrunheiro e canavial. A envolvente é composta sobretudo por matos e vegetação de pequeno porte, pontualmente intercalada por alguns pinheiros e eucaliptos. Até à descida que o levará à estrada de alcatrão, que segue para a Praia da Adraga, a progressão faz-se sem grandes dificuldades, bastando apenas seguir a sinalética convencional ou as indicações do seu GPS.

Chegado à estrada, deverá virar à esquerda e seguir até à Praia da Adraga caso deseje descansar um pouco ou aproveitar para um mergulho. Se esta tiver sido a sua opção, terá depois de voltar atrás para seguir o trilho de areia que se encontra à sua esquerda, junto do início da vedação de madeira instalada na berma da estrada. O acesso encontra-se a uns 200 metros do ponto, onde minutos antes, interceptou a estrada de alcatrão. Daqui faz-se a ascensão ao topo da arriba, quase sempre sobre um trilho de areia solta, dividido por um primeiro troço acompanhado exclusivamente por vegetação rasteira e, um segundo onde existem vários pinheiros que aumentarão de densidade e o deixarão a coberto de algumas sombras. Do topo da arriba, aproveite para fazer algumas fotografias e deixe-se encantar pelas maravilhosas vistas em direcção ao mar. Antes de prosseguir, poderá também afastar-se ligeiramente do trilho, em direcção à escarpa, e avistar a bela Praia da Adraga como provavelmente nunca viu – tenha especial atenção ao vento, muitas vezes forte, que habitualmente se faz sentir nesta zona e pode causar desequilíbrios fatais.

praia da adraga
Praia da Adraga

Prosseguindo junto à costa, num trilho entre vegetação de média altura, mas como alguma densidade, o próximo local merecedor de paragem é o Calhau do Corvo: marco geodésico situado a 71 metros de altitude, esplêndido miradouro sobre a Praia Grande e local privilegiado para observar as muitas aves que aproveitam as correntes de ar para efectuarem os seus voos planados. Tendo em conta que Calhau do Corvo fica ligeiramente à esquerda do trilho, é necessário voltar a este para seguir mais algumas dezenas de metros até chegar a um dos pontos mais interessantes desde percurso: o conjunto de pegadas de dinossauro da Praia do Rodízio (situada a Sul da Praia Grande). Embora não muito visíveis numa primeira abordagem, trata-se de uma jazida composta por algumas dezenas de pegadas (dinossauros do género Megalossaurus e Iguanodon), dispostas sobre uma camada de calcário praticamente vertical, formada aproximadamente há 120 milhões de anos quando a Serra de Sintra ainda não existia, o que de certa forma evidência a elevada deformação a que estas rochas foram submetidas. Infelizmente verifica-se que o local se encontra num avançado estado de erosão, com possibilidade de derrocada, facto comprovado pela interdição à circulação de pessoas na escadaria que acompanha a zona de pegadas e também dá acesso à praia.

Este ponto marca o início do percurso que o levará ao ponto de partida. Daqui em diante a caminhada faz-se inicialmente através de um pinhal sobre dunas, por vezes com declives acentuados, resultante de antigas plantações efectuadas com o intuito de fixar as areias. Depois, será a vez de entrar numa área de zona agrícola, rica em pomares e atravessada por vários estradões em terra batida, onde a sinalética o irá encaminhar até à aldeia de Almoçageme e mais tarde da Ulgueira. Embora nenhuma das aldeias disponha de grandes atracções turísticas, não deixa de ser curiosa a preservação da traça característica do seu casario, sobretudo por se tratar de locais sujeitos a uma grande pressão urbanística. Não muito tempo depois de deixar a segunda aldeia, irá verificar que voltou ao estradão em terra batida, onde quase iniciou a caminhada, findo o qual deverá tomar a estrada nacional até ao Farol do Cabo da Roca.

  • vegetação na arriba do cabo da roca
  • grupo de pessoas em caminho de terra
  • estradão de terra
  • pinheiro seco
  • mato é serrado no cabo da roca
  • calhau do corvo
  • flor comum no caro da roca
  • formação rochosa com pegadas de dinossauro
  • Praia Grande
  • eucaliptos cortados na mata
  • Canavial perto de Almoçageme.
  • Casario de Almoçageme
  • estradão de terra junto ao cabo da roca