praças há-as de todas as cores e feitios. redondas. em círculos. ovais, rectangulares. pequenas. de metros que cabem em meia dúzia de passos e também há as que se parecem avenidas.

uma praça é por defeito um local de encontro. de vida. de ritmo. de sonhos.

também não é certo o que as rodeia. o mais usual no nosso mundo, neste nosso pequeno recanto, é ter uma igreja altaneira, um café, alguns bancos, árvores e quase sempre uma estátua central a simbolizar um qualquer personagem ou evento da nossa sempre tão presente história.

praças também as temos rodeadas de água como a de são marcos em veneza, de edifícios imponentes como a mairie de toulouse na place du capitole ou de arcadas. como a plaza mayor em madrid ou a do comércio em lisboa, que já terreiro foi do paço. ou em pontevedra. em compostela. em vigo. em roma. em londres. em qualquer parte. as praças são assim como os cafés centrais. os nossos genuínos cafés centrais. locais onde afinal a vida tem um sentido de rotina domingueira.

por estes dias. todos os dias nos falam de praças. de novas praças que se enchem de gente. uma praça só faz sentido quando se enche de gente. foram aliás criadas para isso. nenhuma praça faz sentido se nunca em momento algum se encher de gente. como as praças das nossas terras quando abril ecoou e como escreveu ary “das prensas, dos martelos, das bigornas,  das foices, dos arados, das charruas, das alfaias, dos cascos das dornas”… nasceu a canção que andava nas ruas e que enchia as nossas praças.

é quando as praças se enchem de gente. que percebemos a sua e a nossa dimensão. só há duas coisas que enchem as praças. os artistas. e as revoluções. no resto dos dias. limitam-se a ser apenas um sinal de passagem do tempo. onde nos encontramos uns com os outros, nesses ritmos próprios das cidades. onde quer que elas sejam. em que parte do mundo elas sejam. parecem ser coisas diferentes. mas não são. de algum modo. os artistas, esses que fazem encher as praças são artífices das revoluções. artesãos dos tempos modernos. e é nesse momento que entendemos que afinal, a revolução está em nós. e na nossa capacidade de encher as praças.

nós não temos a dimensão dessas praças feitas avenidas. mas juntos. seremos sempre maiores do que elas. sempre.