Cuba está a mudar. Muito se fala e escreve, sobre as mudanças que aí vêm, agora que um presidente norte-americano voltou a pisar a maior das ilhas do Caribe. O mesmo já se tinha dito quando há um ano a star spangled banner foi hasteada mesmo em frente à Tribuna Anti Imperialista José Marti, ou desde o célebre aperto de mão, entre Barack Obama e Raúl Castro, que serviu para quebrar o gelo e na realidade soltou um icebergue.

Na verdade, se olharmos esta questão com algum rigor, a mudança tem chegado mais espaçadamente. Há o afrouxar da liberdade religiosa conseguida com a visita de João Paulo II na década de 90, tornando devoto um povo onde, para as pessoas da minha geração (gente com 30 e muitos anos), o Natal foi durante muito tempo uma festividade estranha e sem referências; e ainda o conjunto de medidas, anunciado há 10 anos por Raúl Castro, quando substituiu o seu irmão como presidente de Cuba, onde foram concedidas tímidas aberturas à iniciativa privada e uma atitude mais pragmática e menos idealista. Em resultado disto os grandes murais de “Revolução ou Morte!!!” quase desapareceram, mas a mensagem do estado continua a estar por todo o lado, agora apelando mais ao arregaçar das mangas pela revolução e não tanto que se morra por ela.

Cuba está a mudar, mas quando se olha parece ainda estar quase tudo na mesma, seguramente com um pé no passado e agora, talvez, já a olhar para o futuro. Os prédios continuam velhos e abandonados, mas orgulhosos dos seus tempos de glória, tal como os velhos Cadillacs, a servir de táxis partilhados por uns módicos 20 pesos, mesmo que neles ponham luzes LED e auto-rádios carregados com MP3 de reggaeton.

O desporto é também ele um sinal de mudança. Há o incontornável basebol, ainda o desporto rei para os cubanos, mas também um promissor futebol que ergue cada vez mais balizas improvisadas e pontapés na bola em plenas ruas de Havana, Trinidad ou Cienfuegos. Não deixa de ser curioso que o segundo assunto nas bocas de quase toda a gente, por altura em que estas fotografias foram tiradas, era a Copa América e os jogos da Argentina e Colômbia. E falo em segundo, porque o primeiro que estava na cabeça de todos era só um: a abertura da embaixada dos Estados Unidos em Havana e o respectivo hastear de bandeira que estava por semanas.

Com todas estas mudanças, mais aquelas que se avizinham, acredito que muitos pensarão se ainda vale a pena ir? Certamente que sim!

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