Há muito para ver em Sibiu. A sua praça antiga é um mimo, espaçosa, rodeada de velhos edíficios, incluindo a sede do munícipio. Ali em redor existem mais um par de praças, repletas de esplanadas onde as pessoas bebem alegremente as suas cervejas. Entre elas, as ruas antigas, inspiradas pelo eixo maior, uma via pedonal cheia de comércio tradicional. Tudo isto é uma maravilha de se ver.

Na periferia da zona mais antiga avistam-se velhos baluartes, que resistiram a guerras e devastações, erguendo-se entre prédios mais recentes mas também eles cheios de história.

A natureza germânica da cidade trouxe-lhe os cafés, muito vienenses, de serviço impecável e generosas fatias de bolo de chocolate. Mas também a proveu de uma atmosfera tristonha, de ruas que se desertificam logo após o sol-posto.  Na Transilvânia cada cidade tem uma personalidade muito própria, e para o bem e para o mal, Sibiu será sempre a cidade alemã.

Câmara Municipal de Sibiu, na Transilvânia
A Câmara Municipal de Sibiu, na praça velha da cidade.
© Ricardo Ribeiro
moinho de vento no museu ASTRA, Transilvânia
Um dos moinhos de vento no museu ASTRA
© Ricardo Ribeiro

Já nos arredores vamos encontrar o ASTRA, um magnífico museu etnográfico com réplicas e originais de habitações e oficinais tradicionais romenas. São dezenas de casas e edíficios funcionais que ocupam uma área enorme, suficientes para manter um visitante entretido durante boa parte de um dia. Tudo isto enquadrado por uma paisagem natural à altura da qualidade da coleção. Não falta o meio aquático, onde se recriaram moinhos de água, barcas e casas palafitas.

Cluj-Napoca

Cluj-Napoca é a cidade húngara. De resto a influência magyar é forte em vastas áreas da Transilvânia, e por uma razão histórica clara: até ao final da Primeira Guerra Mundial toda a região era simplesmente parte da Hungria, logo, do Império Austro-Húngaro. Mas com o final das hostilidades, em 1918, o Império desmembrou-se e os romenos da Transilvânia conseguiram que a região fosse integrada na Roménia. Uma transição que ainda hoje custa a engolir por muitos dos húngaros que se viram cidadãos de um país que não era o seu. E em Cluj isso nota-se. Por todo o lado. Há bandeiras húngaras, jornais em húngaro, escolas húngaras. É uma cidade dividida.

E, tal como todas as outras, tem o seu próprio estilo. A universidade marca-a, é um núcleo urbano com muita juventude, terá provavelmente a população mais jovem do país. E é também a mais urbana. Em nenhuma das outras cidades da Transilvânia se sente uma modernidade urbana como em Cluj-Napoca.

A cidade terá os seus atractivos, mas achei-a muito despersonalizada. É apenas uma cidade da Europa Central com algumas zonas antigas onde se distinguem os prédios que se esperariam ver em qualquer urbe do Império dos Habsburgos. Não muito diferentes dos de Ljubljana ou de Sarajevo.

antigo bastião de Sibiu, Transilvânia
Um detalhe dos antigos bastiões de Sibiu
© Ricardo Ribeiro

Com estas quatro paragens visitará provavelmente os núcleos urbanos mais interessantes e mais significativos da região. Mas não se poderão desprezar os encantos das pequenas vilas, das aldeias, do meio rural. Quando se transita vêem-se aquelas gentes, tão genuinas, tão únicas, e fica a vontade de descer mesmo ali, encontrar uma pensão ou um quarto privado e passar uma noite. E porque não fazê-lo? Talvez em Alba Iulia?

Existem variadissimas formas de chegar à Trânsilvania. Muitos virão de outras partes da Roménia, provavelmente cruzando fronteiras terrestres. Mas para quem não tem muito tempo, o melhor mesmo será dar uma vista de olhos na Rumbo.pt para encontrar os melhores voos para Targu Mures ou Cluj-Napoca.

O aeroporto de Targu Mures é uma excelente opção. Na realidade, usei-o para terminar uma longa viagem que me levou desde a Lituânia até à Roménia, cruzando a Polónia e a Ucrânia pelo caminho. A partir de Targu Mures poderá facilmente chegar a todos os locais assinalados neste artigo, de comboio, de autocarro e de furgão, um meio de transporte muito popular na Roménia e países contíguos. Mas se não tem muitos dias para viver na Transilvânia será talvez melhor não se deter na cidade, que pouco tem a oferecer quando comparada com outras que irá encontrar pela região.

Quanto a Cluj-Napoca, é também uma boa opção e foi dele que regressei numa outra viagem de cinco semanas por terras da Roménia e Bulgária e encontra-se no interior de um círculo imaginário com as cidades descritas nestes artigos colocados na sua periferia.

Uma última nota com sabor a recomendação: se puder vá no Outono. Em Outubro a natureza maquilha-se com toda aquela palete de cores, quentes, espectaculares. A floresta está cheia de castanhos, dourados, amarelos profundos. É um quadro único. Claro que a Primvavera e o Verão têm muitas vantagens e mesmo o Inverno terá os seus atractivos. Mas o Outono da Europa Central algo verdadeiramente fascinante.