Fiquei com a sensação de que tinha sido ludibriado, mas a vida é mesmo assim, até nos locais mais remotos tudo tem o seu preço.

Apesar de vencido não estava convencido, enquanto me dirigia para a saída da aldeia e ainda me faltavam uns escassos metros para percorrer, coloquei a lente Nikon 70-300mm de longo alcance (essencial para qualquer safari fotográfico) e apostei na sorte. Esperando que a sua vaidade levasse a melhor.

A dois, três metros das sebes que serviam de “muralhas” à fronteira da aldeia, virei-me para trás e lá estava o modelo com o frasco novamente na orelha. Não perdi a oportunidade de captar a imagem, que acabou por me custar 20 dólares.

As memórias são construídas por pequenas imagens e pelas dificuldades que passamos para conseguir obtê-las.

De seguida partimos para as gargantas do Olduvai, segundo dizem, o berço da civilização humana, uma vez que foi aqui descoberto um esqueleto de Australopithecus, com milhão e meio de anos.

A paisagem é extremamente bela apesar de inóspita, a fazer lembrar uma paisagem lunar, sendo um local de visita muito cobiçado devido ao valor histórico que lhe está associado.

Aproximou-se um Africano, meio alcoolizado, dizendo que o seu avô tinha nascido ali, tal como o seu bisavô e assim sucessivamente até 100 gerações atrás. Isso fez-me pensar, quem sabe há 100 gerações o meu “centésimavô” não seria a mesma pessoa que o deste senhor, afinal desde o começo da nossa existência todos somos descendentes de uma família única.

De regresso ao lodge era hora de recuperar forças, amanhã teria que estar bem forte para aguentar todas as sensações de realizar um sonho de uma vida.

Estar olhos nos olhos com a Cratera de Ngorongoro.