Hong Kong e Macau – 15 e 16 de Abril 2009
Começa o frenesim mal saio da porta do avião. Cedo apercebo-me que estou em minoria. Andamos habituados a ver grupinhos de chineses, japoneses e demais asiáticos por todo o lado a tirarem as suas fotos às coisas. Agora saio no aeroporto maior do mundo e vejo milhares deles por todo o lado. Sinto-me bastante pequeno. É a primeira vez que me vejo só e verdadeiramente perdido.
Pergunto a três pessoas onde se apanha o ferry para Macau. Num inglês muito arcaico e por gestos, obtenho três versões diferentes! E agora? Qual das rotas devo seguir? Decido apostar na última e apanho um comboio para o centro de Hong Kong. Só mais tarde descubro que havia ligação a partir do aeroporto. Perdi tempo, mas fiquei a ganhar um passeio.
Chove, mas está um calor do outro mundo. Vejo um mapa na rua assim que saio da estação. Mas que rua é esta? Olho em redor e por baixo de mim passam carros nas duas direcções, avisto o metro mais abaixo e tenho um mono carril a passar por cima, serpenteando pelos edifícios gigantes cujos topos não consigo ver. Os corredores de peões suspensos no ar obrigam-me a entrar em inúmeros centros comerciais onde se encontram coisas que não estamos à espera: esquadras da polícia, sedes de bancos, demais serviços administrativos do governo de Hong Kong, escritórios e muito mais. Mal entro num edifício sou bombardeado pela luz de centenas de lojas. Tudo pisca, tudo tem uma cor diferente. Os meus olhos não conseguem acompanhar tamanha diversidade e luz. Que mundo é este?
Ainda agora cheguei e já vou apanhar o barco para o outro lado. Espera-me novo lugar: Macau.
Chegado lá, aguardo. Os amigos ainda não chegaram. Consigo telefonar de uma cabine, sei que estão a caminho. Pouso as malas e observo a cidade: é colorida pelos néon dos casinos. Erguem-se prédios como nunca vi ou imaginei. Depressa chego à conclusão que estou num mundo onde todos os sentidos se movem de acordo com as cores, os cheiros, os movimentos das pessoas.
![The Grand Lisboa Casino](https://www.aosabordovento.com/wp-content/media_files/2014/06/grand-lisboa-casino-macau-233x350.jpg)
Janto novamente em terra. Um restaurante aparentemente pobre nas instalações, mas com uma belíssima vista para o rio. Rio salubre, de um castanho que não é igual à cor das nossas águas. O espaço tem uma grande variedade de pratos. Os peixes e mariscos estão expostos em bacias cheias de água logo ali à entrada. É estranho vermos o nosso jantar em bacias. Ou não tão estranho se pensarmos que nas marisqueiras portuguesas a comida também pode estar viva em gigantescos aquários.
A conversa rola em torno da emoção de ter chegado, das aventuras e desventuras que passei, do interminável voo com a escala em Londres e o pit stop em Hong Kong. Tantas e tantas horas passadas quase em claro, treze das quais no mesmo avião.
Terminado o jantar sigo para uma rua de Macau onde me dizem ser a maior concentração de pequenos bares e pubs. Mas constato que não são assim tantos. Explicam-me não ser muito usual haver animação e gente na rua. Estamos na cidade dos casinos e é lá do alto que as pessoas se divertem dia e noite.
Vamos a uma discoteca que fica num segundo andar de um gigantesco edifício. Mal a porta do elevador se abre, o primeiro choque. Vejo um homem de meia-idade acompanhado por uma miúda. A rapariga seria menor, não sei precisar. É difícil avaliar a idade de um asiático, mas pareceu-me muito nova para aquela figura. É uma imagem que tenho de me habituar a ver. Assim me dizem ser a Ásia.
É impossível ficar indiferente. Mas não há nada que eu possa fazer.
texto adaptado a partir de uma crónica de viagem contada em http://www.blogclubedeleitores.com/
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