Os efeitos da grave crise que assola Portugal, também já se fazem sentir no sector do turismo. Segundo dados hoje divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), no primeiro semestre do ano, os portugueses cortaram 13,7 por cento nas suas viagens de lazer ou férias.

Contudo, os mesmos dados revelam um aumento de 18,9 por cento no número de viagens classificadas como “visita a familiares ou amigos”, que correspondem aproximadamente a metade (48,4 por cento) do total das viagens realizadas durante o período em análise. Um dos dados curiosos desta tendência, prende-se com o facto de enquanto nas viagens de lazer o “alojamento particular gratuito”, representar 51,8 por cento das dormidas, já nos destinos para “visita a familiares ou amigos”, o valor atingir os 96 por cento.

Outro dos elementos que se pode extrair do relatório do INE, em parte revelador do impacto que a crise está a ter no sector, aponta para um aumento de 3,8 por cento nas viagens realizadas em Portugal, enquanto as deslocações ao estrangeiro têm uma diminuição de 6,9 por cento. Neste momento o slogan “viajar cá dentro” parece nunca ter feito tanto sentido, pois as viagens turísticas nacionais já representam cerca de 90% do total.

O número de pernoitas, originadas pelas viagens turísticas, também está a ser fortemente penalizado, designadamente com a queda do número médio de noites por estada. Os dados indicam um valor que deverá totalizar 19,6 milhões de dormidas, o que representa um decréscimo de 4,6 por centro comparativamente com os valores resultantes do primeiro semestre de 2010. Embora este número possa dar azo a interpretações positivas, o facto é que as unidades hoteleiras, incluindo pensões, só representam 24,9 por cento do total (cerca de 4,9 milhões), ficando os outros dois terços distribuídos por outras áreas, com principal destaque para o alojamento em estabelecimento “particular gratuito”, ao atingir os 66,4 por cento.

Com o adensar da crise sobre a economia nacional, são agora de prever novos impactos negativos já para o segundo semestre no ano, com a forte possibilidade de serem ainda mais penalizadores durante o ano de 2012.