Despertámos às 4 horas da manhã e depois de um breve pequeno-almoço, iniciámos a subida. Eu e o Artur fazíamos a ponte entre os dois grupos. À frente ficaram os que têm mais dificuldades, os belgas; atrás os búlgaros. Frontais ligados, seguimos a um passo lento. O trilho é bastante pedregoso o que dificulta a progressão e a atenção tem que ser redobrada. A certa altura começo a ouvir um burburinho, pois os búlgaros estão a impacientar-se. É certo que o ritmo tem que ser lento, mas estava a impor-se uma lentidão tal que para espíritos mais inquietos era difícil acompanhar. Ia connosco um guia auxiliar que a pedido de Ercan, o nosso guia, segue com os mais rápidos. É melhor assim! Quem estava a “atrasar” o grupo fica ainda mais nervoso, pois sente-se “culpado” e assim torna-se muito mais difícil avançar. Ficámos para trás. É importante haver alguém a fechar o grupo. Depois de amanhecer o cansaço já é grande e Ercan decide que eu, o Artur, Koen e Jan, devemos avançar. Naquele momento já não tem a certeza que os mais lentos cheguem ao cume e isso também iria pôr em causa a nossa ida. Poder avançar ao nosso ritmo dá-nos ânimo e em pouco tempo conseguimos alcançar o restante grupo. Encontrámo-nos mesmo à chegada do glaciar, avistando o cone quase perfeito do pequeno Ararat. Colocámos também os nossos crampons que nos ajudariam a progredir no gelo. Fazia-se sentir um vento frio e cortante, mas ao avistar o nosso objectivo tudo parece mais fácil: os músculos respondem doutra maneira, as pernas tornam-se mais leves, os pulmões aumentam de tamanho e os planaltos da Anatólia e vales do Irão encantam-nos o olhar. E é assim que sob a bandeira da Bulgária tiro uma fotografia nos 5165m do monte Ararat.

Montanhistas a caminhar sobre o gelo junto ao cume do monte Ararat.
Chegada ao cume do Monte Ararat.

Iniciámos o regresso ao campo base, mas sem tempo para procurar vestígios da Arca de Noé. A descida pode ser tão ou mais penosa que a subida e a atenção deve ser redobrada. Na refeição dessa noite deliciámo-nos com um bolo de chocolate para comemorar o dia. Nem todos subimos ao cume, mas foi sem dúvida para todos uma bela aventura.