Pela mesma estrada que leva ao Mosteiro, é possível continuar subindo até o topo do Morro da Penha, uma elevação de mais de 600 metros de altitude de onde é possível ter uma vista 360° da região e desfrutar de praças, bosques, campings, trilhas e, claro, um Santuário. Outra forma de se antigir o cume é pegando o teleférico no centro da cidade; a viagem de 1646 metros é feita em poucos minutos e custa 6 Euros (ida e volta) por pessoa.

Á ver o mar

Seguindo viagem, dessa vez rumo norte, a pouco menos de 80km de Guimarães está a pequena, mas movimentada, Viana do Castelo. Essa cidade à beira do Atlântico e na foz do Rio Lima faz parte da Costa Verde portuguesa, um longo trecho de belas e despovoadas praias que vão desde o Porto até a fronteira com a Espanha. Sua história está muito ligada ao mar – o dinheiro das atividades marítimas, entre elas a pesca do bacalhau, financiou os edifícios que compõem o elegante e dinâmico centro histórico recheado de boas lojas e restaurantes.

A Praça da Liberdade à beira do Rio Lima é uma ótima referência para começar a conhecer as ruas e avenidas do centro e em menos de dez minutos chegar à Praça da República, onde se localiza o Chafariz, construído em 1559, que por vários séculos foi o ponto de abastecimento de água da cidade. Na mesma praça também está o Edifício da Misericórdia – século XVI -, sua arquitetura sofreu forte influência italiana e flamenga, sendo um dos melhores exemplos de construção barroca do país. O Centro de informações tuíristicas se localiza no edifício dos Antigos Paços do Concelho, também construído no século XVI; é o local onde os moradores de Viana deviam ir para fazer algum requerimento ou discutir qualquer questão da cidade. O centro da cidade é tratado com grande carinho pelos moradores de Viana, que se orgulham muito da história contida em cada um dos prédios, fazendo questão de destaca-las nas mais corriqueiras conversas nas cafeterias ou pastelarias.

Seguindo em direção à parte mais alta da cidade, chega-se à Estação Ferroviária de Viana do Castelo – um antigo edifício, que hoje se divide em estação e shopping – atravessando o prédio se está na Avenida 25 de Abril de onde é possível acessar o funicular e subir até o alto do Monte de Santa Luzia (O ingresso de ida e volta custa 6 Euros). No alto do monte localiza-se a  grande Basílica de mesmo nome e inspirada na Basílica de Sacre-Coeur de Paris do alto é possível ter uma vista espetacular da cidade e da  famosa Praia do Cabedelo.  Um pouco acima da basílica está a Citânia de Santa Luzia – um assentamento urbano Proto-histórico, anterior à ocupação Romana na região.

A cada quinze dias uma feira itinerante que percorre a região agita os arredores do centro. Em tal feira são vendidos desde sapatos e roupas até alimentos, galinhas e móveis.  Além disso, durante o mês de agosto a cidade se transforma e ganha mais vida, com a “Romaria de Nossa Senhora da Agonia”, um carnaval de três dias com desfiles de rua, bandas, danças e fogos de artificio. É importante dizer que no verão a cidade enche-se de turistas em busca de dias de praias e temperaturas mais altas.

Os rios da minha aldeia…

Aqueles viajantes que detem um pouco mais de tempo para conhecer a região devem se deixar perder entre as vilas e cidadelas do interior lusitano. Um bom começo é seguir pelas margens do rio Lima, até a pequena cidade de Ponte de Lima a exatos 30km de Viana do Castelo. Como está no próprio nome, a cidade se destaca pela ponte medieval sobre o rio Lima, construída sobre uma antiga ponte romana, a construção ainda detém marcos romanos em sua estrutura.

Seu centro é extremamente pequeno e pacato, repleto de cafés e pastelarias, chama a atenção a tranquilidade. Caso decida pernoitar, nos arredores da cidade há uma série de quintas e solares que além de produzirem vinho verde – especilidade da região – oferecem hospedagem.

Seguindo viagem em direção à fronteira com a Espanha através dos vales do rio Lima, rio Homem e rio Cavádo, é possível notar uma mudança na paisagem: as planicies verdegantes dão lugar a altas montanhas rochosas que se misturam com os profundos vales, rios cristalinos e “albuferias” – barragens hidroelétricas – formando uma paisagem única.

A cidade de Vila de Gerês (a apenas 45km de Braga), no vale do rio Cavádo e na extremidade sul do Parque Nacional de Peneda-Gerês, é um ótimo ponto de parada para aqueles que desejam conhecer melhor a região; por se tratar de uma cidade-spa, são várias as opções de hospedagem.

Caso esteja de carro na região, é possível explorar boa parte do parque em cerca de dois dias, cruzando as tortuosas e peculiares estradas que atravassam belas paisagem nas serras de Peneda, Soajo, Amarela e Gerês. A região de fronteira sempre foi um importante ponte de passagem entre Portugal e Espanha, são visíveis ainda hoje marcos miliares da estrada romana que ligará Bracara (Braga) a Astorga. Além disso, a região é cortada por trilhas que faziam parte do antigo Caminho de Santiago.

Outra alternativa para explorar a região são as caminhadas, mais recomendadas no verão – quando chove menos e os dias são mais longos. O mais recomendado é que se busque por informações sobre a trilha que deseja realizar nos postos de turismo da região. Por conta de uma politica de incentivo ao turismo, tais escritórios são cada vez mais presentes nas pequenas cidades, sendo fácil encontrá-los pelo caminho.

Um outro Portugal por Trás-os-Montes

Indo mais a fundo no território português, chega-se a Trás-os-Montes – a mais distante, pobre, isolada e, ao mesmo tempo, encantadora, receptiva e talvez bela das regiões portuguesas. Bragança, a pouco mais de 220km de Braga, é uma das maiores cidades da região com apenas 25 mil habitantes.

Os portugueses que lá moram talvez sejam os que mais sofrem com a atual crise. O isolamento da região, que só pode ser acessada através de autopistas (ainda em construção), já que a única linha de trem que alcançava a região foi desativa em 1990 e há apenas um pequeno areódrómo em Bragança, é sem dúvida um fator catalisador das dificuldades da crise. Quem passa poucos dias na cidade pode perceber a grande quantidade de imóveis vazios, resultado do exôdo que cada dia mais leva os bragançanos para longe de suas origens. Por outro lado, o isolamento ajuda a conservar velhos hábitos e tradições dos orgulhosos transmontanos.