No centro, o Palácio real “Dar el-Makhzen” rodeado de muralhas, foi a principal residência do sultão, sendo ainda usado pelo rei de Marrocos nas suas deslocações à cidade. O complexo é imponente, com uma majestosa porta mourisca ricamente decorada.

Perto do palácio o “Kasbah Cherarda” um imponente forte construído no século XVII, com o objectivo de controlar as entradas para Meknès, e proteger a cidade de Fez.

As suas robustas muralhas dispõem de enormes torres que serviam de postos de vigia.

Fez é uma cidade para se degustar devagar, e percorrer a pé cada uma das suas ruas na expectativa de onde elas nos possam levar.

Afastei-me um pouco mais do centro histórico, e visitei as Alçarias, normalmente situadas em cursos de água e geralmente afastadas de bairros residenciais, devido ao cheiro fétido que emanam.

O curtimento das peles é uma arte com milhares de anos e com uma enorme importância para a economia da cidade. O processo consiste em transformar a pele dos animais em couro macio, evitando o apodrecimento das mesmas.

Peles de cabra, ovelha, vaca e camelo, são limpas dos pêlos e da carne, sendo posteriormente imersas em tinta e postas a secar. Depois são tingidas e entregues aos artesãos.

Apesar do cheiro nauseabundo, o método deslumbra pela prodigalidade de cores espalhadas por tinas, como se fosse um jogo de aguarelas gigante.

Homens robustos batem com as peles, nas paredes das tinas, para voltarem a mergulhá-las vezes sem conta, até conseguirem a tonalidade pretendida.

Sentado num ponto mais altaneiro, os meus sentidos embrenharam-se na orgia de cores, esquecendo todo e qualquer aroma que pudesse invadir o ar.

antenas parabólicas e casas da medida da cidade de Fez, em Marrocos.
Vista sobre a Medida da cidade de Fez.
© Niki Atashfaraz ( CC BY 2.0 )

Nos terraços das Medinas circundantes, as peles curtidas são penduradas a secar, colorindo a cidade de um manto arco-íris.

Refugiei-me novamente no centro histórico e nas suas ruas tortas, que nos podem levar a qualquer lugar ou a lugar nenhum. Subi até ao terraço de uma Medina, também ele coberto de tapetes como tantos outros espalhados pela cidade.

Colorido de várias tonalidades, desde tapetes vermelhos a laranja, de azuis a verdes, sentei-me num deles que nem olhei para a cor, e limitei-me a observar a cidade enquanto o sol me escaldava o rosto.

O tapete começou a mexer-se e devagarinho levantou voo, levando-me pelos céus de Marrocos, só ele sabe para onde.