Embora a serra de Monchique já fosse conhecida pelas suas águas medicinais desde o tempo dos romanos, a história mostra que só muitos séculos mais tarde, com o início da sua povoação e lento desenvolvimento, conseguiu ganhar alguma relevância geográfica e económica. A povoação que entretanto aqui se estabelecera, muito na sequência da prosperidade obtida através de actividades relacionadas com a indústria da tecelagem e madeira, foi elevada a sede de concelho em 1733, como resultado da divisão do antigo concelho de Silves.

Situada entre as elevações da Fóia e da Picota, a vila de Monchique encontra-se incrustada na serra que lhe dá o nome, a uma altitude de 458 metros. Muito virada para o turismo nos dias de hoje, a vila integra-se numa zona de rara beleza, rodeada por exuberante vegetação onde, aliás, é abundante a maior magnólia da Europa. Constituído por três freguesias, que se dispersam por um território com uma superfície de 396,15 Km2, o concelho encontra-se limitado a norte por Odemira, a leste por Silves, a sul por Portimão, a sudoeste por Lagos e, finalmente, a oeste por Aljezur.

A serra de Monchique possui uma vasta riqueza ao nível da sua flora. Se, por um lado, existe uma abundante vegetação maioritariamente constituída por Tojo, Azevinho, Rododendro, Medronheiro e Urze, por outro, as grandes manchas de sobreiros, eucaliptos, pinheiros e castanheiros, que proliferam nas florestas que atravessam o concelho, são um marco da identidade natural da região. De qualquer modo, nas últimas décadas, há a lamentar a perca de uma parte significativa de algumas espécies endógenas da serra, nomeadamente de Castanho e Sobro, pois têm vindo a ser progressivamente substituídos por grandes extensões de Eucaliptos e Pinheiros, árvores com um crescimento muito mais acelerado, logo, mais rentáveis para a indústria da madeira. A produção da aguardente de medronho, resultante da fermentação do fruto muito abundante nas vertentes voltadas a norte das serras, bem como o artesanato e a gastronomia, são actualmente algumas das indústrias mais importantes para a economia local.

Um pouco por toda a serra, as casas preservam a arquitectura tradicional algarvia, com as suas paredes imaculadamente brancas e as cantarias pintadas por cores fortes. Contudo, um dos factores que mais diferencia a arquitectura serrana da utilizada junto à orla litoral prende-se com a utilização das chaminés de saia: uma chaminé onde a largura da sua base corresponde, normalmente, à área total da lareira instalada nas cozinhas.

A gastronomia é outro dos elementos que é indissociável da história e da marca identitária que Monchique tem para oferecer. Embora se possa dizer que muita da sua riqueza resulta, em parte, da grande variedade de pratos e petiscos, há que não esquecer os saberes que ao longo dos séculos passaram, em muitos casos como segredo de família, de pais para filhos. Confeccionados muito à base dos tradicionais enchidos, como é o caso da chouriça, farinheira, molho ou morcela, os pratos tradicionais da região convidam à gula e a momentos de verdadeira degustação. De entre os muitos pratos típicos que habitualmente se podem apreciar na região, destaca-se a couve à Monchique, a assadura, o feijão com couve ou o grão com massa, tudo confeccionado à base de carne de porto preto e, claro está, dos referidos enchidos. Na doçaria, o Dom Rodrigo, o bolo de amêndoa e gila, o pudim de mel, a tarte e torta de alfarroba, e os folares da Páscoa, merecem igualmente uma nota de destaque.

Na Serra de Monchique, a natureza, o ar puro e a beleza das paisagens são, ainda, o palco ideal para fazer caminhadas, BTT ou pedestrianismo – o município dispõe de vários percursos identificados de acordo com a sinalização internacional.

O que visitar em Monchique:

Na Igreja Matriz de Monchique, construída nos séculos XV – XVI e amplamente reconstruída no pós-terramoto de 1755, destaca-se o belo pórtico ogival manuelino, marcado por cinco cogulhos angulares, bem como a capela do Santíssimo, com vários painéis de azulejaria do século XVII.

De visita obrigatória, o Largo de São Sebastião é um dos locais privilegiados para avistar a vila de Monchique, bem como o seu casario muito branco e típico da região serrana algarvia, que se propaga pelas encostas verdejantes, entre ruas estreitas e íngremes.

Fachada manuelina da Igreja Matriz de Monchique
Fachada manuelina da Igreja Matriz de Monchique.
estátua na Rua do Porto Fundo
Rua do Porto Fundo e uma das muitas estátuas que homenageiam gentes da terra.