PUma das surpresas para muitos dos que te acompanhavam na Volta ao Mundo foi a visita à Antárctida, um dos destinos que preenche o imaginário de muitos viajantes. O que é que te levou a embarcar nesta aventura?

RNão quis esperar pelos 60 anos, idade média dos restantes participantes da expedição para ir. Foi a viagem mais cara que alguma vez fiz, mas valeu bem a pena. Aliás, é uma das viagens que quero fazer outra vez num futuro próximo.

PE foi um objectivo difícil de concretizar?

RFoi super fácil, mas devo dizer que a escolha foi muito ponderada, pois gastei dinheiro suficiente para viajar durante 1 ano. A expedição de cruzeiro, que demorou 2 semanas, arrancou de Ushuaia, cidade do sul da Argentina onde fiquei até encontrar uma expedição que me despertasse atenção. Acabei por escolher a mais cara, não só porque me pareceu a melhor, mas também porque incluía mais actividades e pontos de interesse – cruzar os 66 graus abaixo do Circulo Polar Antárctico era para mim um dos pontos obrigatórios.

PConsegues eleger o pior e o melhor destes 19 meses de viagem?

RTalvez possa haver momentos altos e baixos, mas eu não os consigo eleger. De uma forma geral foi tudo bom nesta viagem.

PE do que nunca te esquecerás nas viagens que já fizeste?

RAtravessar a América do Sul com o carro que comprei no Equador foi fantástico; fazer o tour de Chernobyl e Pripyat foi brutal; a expedição de cruzeiro até ao Circulo Polar Antárctico foi inesquecível; e a viagem de barco através do Rio Amazonas durante vários meses, que me levou do Brasil ao Equador, passando pelo Peru, foi única. Relembro ainda a visita da Coreia do Norte, que também foi muito interessante, bem como os imperdíveis pátios de comida na China.

PNos últimos anos tem-se assistido ao lançamento de livros por parte de alguns dos viajantes portugueses mais conhecidos. Nunca pensaste no assunto?

RNão só pensei no assunto, como já tive alguns livros à venda: um de fotografia sobre Marraquexe, que esteve vários anos disponível e vendeu muitos exemplares por estar ligado a um projecto turístico que mantive sobre a cidade – o projecto acabou porque foi vendido em 2012 a um inglês; um caderno de receitas vegetarianas, que também vendeu um número muito interessante de exemplares; e o “A partir da Luz”, um livro totalmente dedicado às viagens. Actualmente disponho deste último em versão eBook, numa edição corrigida e melhorada, mas durante 2016 ou 2017 estou a prever fazer uma reedição em papel, com novas fotografias e versões em português e inglês.

PE há algum novo título na calha?

RHá um que já está a caminho. Vai ser o meu segundo caderno de receitas vegetarianas.

PHá alguma experiência que não possas deixar de recomendar a um viajante, mesmo que esteja ainda a iniciar-se nesta arte de andarilhar?

RParticipar no Central Asia Rally. Para quem está ainda no início do percurso de viajante é, sem sombra de dúvidas, uma experiência marcante e que deixará calo logo à primeira.

João Leitão junto ao muro que assinala a fronteira com as Honduras.
Passagem da fronteira hondurenha.

PEnquanto viajante, há algum segredo que nunca tenhas revelado e que o possas fazer neste momento?

RPosso revelar um caso insólito, ocorrido durante uma viagem que fiz com o meu amigo João Paulo Peixoto, enquanto atravessávamos de carro a República do Daguestão, já noite dentro e meio perdidos. A certo momento, enquanto fazia cocó no meio do deserto, vi um OVNI. E mais não digo…

PE quanto a novos projectos há alguma coisa calha? Podes revelar um pouco de algum deles?

RComecei de novo a fazer de tour leader com viagens low cost a Marrocos. Tenho já quatro datas marcadas e quase tudo esgotado para o início de 2016.

PSe te pedir para sugerires um destino aos leitores do Ao Sabor do Vento, qual é que eleges? Porquê?

RO Ksar de Ait Benhaddou, em Ouarzazate, Marrocos. Por se encontrar entre montanhas, deserto e oásis, é um lindo exemplo da construção em adobe no sul de Marrocos. As vistas são fenomenais e o facto de conseguirmos explorar a aldeia sem grandes limitações, é uma experiência absolutamente fantástica. Para além disto o local é também Património Mundial da Humanidade, segundo a UNESCO.

PJá decidiste para onde vais a seguir? Qual vai ser a tua próxima viagem?

REste ano, posteriormente a Março, ainda não sei os meus destinos. Está tudo em aberto. Até lá ficarei entre Marrocos, Polónia, sul do Iraque, Mónaco e França.